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29/04/17

É meio complicado. Meio delicado. Meio estranho.
Mas vamos lá. Preciso falar…

Não sei como começar. Nem desenrolar. Nem como ser menos esquisito.
Eu precisava ter conseguido manter contato com o pai dos meninos. Eu tentei. Eu tentei muito. Abstrai todo meu sentimento, todo meu eu em busca do que seria melhor para o desenvolvimento dos meus filhos. Me anulo. Me humilho. Entoo mantras.

Não compreendo como ele pode simplesmente decidir não fazer parte.
Aquele cara que eu achei que conheci não existe. E tem uma versão dele ai que preciso encarar o resto da vida.

Não posso odiar.

E tenho que conviver.

E junto tem você.

Que não conheço também.

Assim como ele.

E tenho que entregar a minha riqueza em vossas mãos.
O cara antigo não era um bom pai. Nunca passou mais que 3 horas seguidas com os filhos sem a mãe por perto. Não desenrolava refeições. Raramente quando dava um banho sequer sabia onde as roupas ficavam guardadas. Ou qual era de cada criança. Não sentava pra brincar mais de 2 minutos. Nem assistia mais de 5 algo que eles queriam. Sempre dormia antes quando ia os fazer dormir. Nunca tirou férias. Sequer licença paternidade quando eu mais precisei.

Nunca estava casa. E quando estava não estava realmente presente.
Eu também nunca tive um pai participativo. Nunca soube como seria na prática um convívio ok.
Eu fui madrasta das meninas. Pode ser por eu ja ter uma filha antes de um outro pai lixo, eu sempre respeitei o espaço da mãe delas. E me desdobrava para que elas pudessem ter ao menos o mínimo de convivência paterna sadia. Nunca deixei ele ser padrasto direito da minha menina porque não existia afeto mútuo e porque mesmo não merecendo, queria preservar o espaço do pai caso um dia o sujeito resolvesse se assumir.
Então nessa, precisamos minimamente nos tolerar. Não nos amar. Só respeitar.
O que você conhece de mim não tem bons precedentes. Assim como o que imagino de você não deve ser o que realmente é.
Utilizando do bom senso, penso que você realize boa parte das tarefas que meus filhos demandam no tempo que estão com o pai. Anulando meus sentimentos frustrados, preciso reconhecer que eles aparentemente ficam bem. E sou grata por isso.
Gostaria de te agradecer por cuidar deles. Te pedir para que nunca desconte neles qualquer causa externa. Peço que respeite o meu espaço como mãe. E que possamos desfrutar da sororidade.

PS’s:

O pai deles me ignora não dando brechas para assuntos relevante sobre os meninos.

Mesmo assim insisto.

Seria interessante poder passar a você também caso haja espaço.

Como o fato do mais novo ainda fazer xixi na cama. Eu sempre mando fralda na bolsa. Ou o fato de sempre ter uma bolsinha de remédios com termômetro e os documentos deles junto.

E sempre uma troca de roupa porque normalmente há imprevistos.

Algumas vezes ele se recusa levar a bolsa. Ela sempre está arrumada e eu tento entregar.

Quando eu falei da cachorra, não foi criticando. Eu entendo como é ter um filhote. Só pedi com delicadeza para se tomar mais cuidado porque os meninos reclamaram de desconforto e voltaram com roupas rasgadas.

Outro vez choraram porque não puderam trazer pra casa os presentes que o avô deu.

Não aceito que vão se o pai vai trabalhar. Eles tem a mim, não precisam ser cuidados por outras pessoas. Quero que vão quando puderem desfrutar da convivência paterna.

No começo eu sofri desesperadamente com o término e sua presença me abalava. Agora não precisamos mais fingir que não nos vemos.

Podemos ser diplomatas. Se não lhe for inconveniente.

Queria ressaltar que meu contato com ele é estritamente sobre os filhos. O passado morreu no passado. Fato consumado. Jamais revogado.

 

***Esse texto, escrevi há alguns dias e ia publicar no meu blog. Um desabafo como carta aberta.

Foi logo depois de meu ex deixar meu filhos em casa voltando de um fim de semana com eles.

Logo que separamos, ele já assumiu um relacionamento.

Eu tentei ser madura, mas brevemente precisei exclui-lo das redes sociais para tentar preservar minha sanidade.

Em um momento de stalker ~superei-nãosuperei-superei-nãosupereimerdanenhuma~ mandei uma mensagem para até então, minha desconhecida, e pedi para ela por gentileza, respeitar meu momento de luto indo com calma na nova constituição da família comercial de margarina feliz. Ela delicadamente respondeu ok e inclusive (tão importante para mim naquele momento) parou de vir até minha porta na hora de buscar e trazer as crianças.

Meses depois, eis que ela ressurge. Meio que se escondendo rapidamente no carro quando apareci no portão.

Aquela situação me deu um estalo muito grande. Consegui deixar a emoção na gaveta e usar só a razão. Me questionei qual era mesmo o motivo de eu odiá-la. Pensei pensei e não encontrei. Não existe! Não era ela quem tinha um compromisso comigo e simplesmente caiu fora sem ao menos fechar a porta com dignidade.

Passei a madrugada em claro com o estômago revirado com aquela situação delicada.

Então surgiu o texto.

Então enviei diretamente a ela.

Então ela respondeu.

Tivemos uma boa conversa depois. Ela disse que se colocou no meu lugar. Agradeceu por meu momento de sensatez. Afinamos uns ps’s pendentes. Abrimos um canal de diálogo. Trocamos telefones. E parece que agora o bom senso reina.

A sensação de ter redefinido as definições de papel de trouxa deu lugar a esperança de um convívio pacífico e harmonioso para todos os envolvidos.

Graças a Deus!***

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28/04/17

Fiz a feira da semana com 20,00. Olha, isso é realmente algo a se comemorar. Arrimo de família que entende a complexidade disso. Primeiro de se ter sempre essa reservinha. Segundo por fazer ela render. 

Eu caminho pouco mais de 1km para chegar na feira que costumo ir as sextas feiras. Depois eu volto caminhando mais o mesmo tanto com sacolas pesadas. 

Hoje voltei com 3 sacolas. Muito realizada pelo meu pequeno milagre da multiplicação da vez. 

Consegui pegar banana, maçã, goiaba, repolho, alface, tomate, chuchu, pepino e batata doce. Tudo isso com somente os 20,00. O preço do tomate continua alto. O da banana em um dia longínquo foi atrativo. O horário ajudou. No fim os vendedores ficam mais amigos para não voltar com mercadoria. 

Estava realmente satisfeita com o custo/ benefício ali. 

Chegando em casa, vem a dona Maria reclamar que faltou pegar mandioca, batata e cenoura.

A gente separa, volta a morar com a mãe e ela se torna seu novo cônjuge…

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16/04/17


60 horas

Eu sai sozinha. Ouvi música no último volume. Saboreei um livro. Fechei os olhos no transporte. Relaxei. Suspirei. Ouvi meus próprios pensamentos. 

Fiz um dos meus programas favoritos. Cinema. Sozinha. Dois filmes na sequência. Vi um filme legendado. Pude prestar atenção em todas as falas, todas as cenas. 

Cheguei tarde em casa. 

Não precisei por ninguém na cama. Não atendi necessidades fisiológicas além das minhas.

Eu não fiz o faxinão da semana na casa.

Eu tomei um banho gostoso sem me preocupar com a água do planeta. De porta fechada. Sem me atentar com o barulho das crianças (ou com o silencio delas, que é ainda mais preocupante). 

Não liguei pra falta de depilação das pernas.

Não me importei com o pijama e o cabelo despenteado.

Não esperei presente.

Comprei um ovo de páscoa pra mim. Exclusivamente pra mim. Abri e degustei tranquilamente. Sem pensar em mais ninguém. Sem ter que lembrar pra qual filho dei o primeiro pedaço na refeição anterior pra poder dar o primeiro pro próximo para que nenhum se sinta prejudicado.

Dormi a hora que deu sono.

Dormi por 12 horas seguidas. Sem nenhum filho me solicitando. Depois de 13 anos de maternagem. Primeira vez. Um sonho muito almejado e enfim realizado.

Não me importei em cumprir pelo menos 4 refeições diárias. Comi quando senti vontade.

Perdi um almoço de família importante. Acordei muito tarde. Tudo bem. 

Não utilizei relógios.

Não vi redes sociais de quem me causa sequer um leve desconforto.

Me senti leve.

Em paz.

Renovada.

Só por hoje.

Que doce hoje.

Do meio pro fim voltou a culpa. Muita culpa. Parceira fiel culpa. 

Agora voltar a calçar os sapatos 36 que a vida me dá. 

Voltar para a rotina. 

Começa tudo de novo. 

E que bom. 

Graças a Deus por tudo isso! 

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Coelhinhos porta bombom

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Oie
Fiz esses saquinhos porta bombom de coelhinhos para presentear as professoras dos meus meninos.
Fiz também uns para uma encomenda.
E tenho algumas unidades a pronta entrega.
Segue o link dos moldes que usei. São da Boutique do Feltro por Fernanda Lacerda <3
http://www.boutiquedofeltro.com/…/246-lembranca-pascoa-emba…
Já tenho várias ideias de páscoa no canal e continuo trazendo, um vídeo ainda essa semana e talvez mais um semana que vem.
Vem gente!
https://www.youtube.com/user/alinnemarques
Inspirem-se!

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04/04/17

Ausências
Das tantas coisas que não consigo entender nessa vida, a que mais me aflige é em relação as crianças. 

Por mais que eu tente, não compreendo como pode alguém viver sabendo que tem alguém sofrendo e sendo o motivo de tamanha dor. 

Nós adultos muitas vezes não conseguimos lidar com nossas frustrações, quem dirá crianças. Elas tem tantas coisas para aprender, para administrar, muita informação, pouca experiência, muita coragem, quase nada de covardia.

Covardia sim é deixar que eles carreguem o peso de nossos fracassos. 

Eu estou diariamente me fazendo acreditar e aceitar que não posso mudar aquilo que não dependia só de mim. 

Nesse processo, tento enterrar minha indignação com certas coisas, como a falta de comunicação (apesar das minhas dezenas de tentativas em assuntos relevantes, a ausência de resposta, mensagens totalmente ignoradas, sequer um ok ou um não). Mas o ponto alto é a falta de interesse. Não sou capaz de admitir que a pessoa não se importe, não questione, não se sinta curioso em saber como vão seus filhos. Se tem dormido, se alimentado, se desenvolvido, se as vacinas estão em dia, se o pediatra é confiável, se tem o que vestir, com o que brincar, onde dormir… 

Como um pai pode perder essa fase maravilhosa de alfabetização? Um dos momentos mais gratificantes do meu dia é ver o caderno e acompanhar na lição de casa. Ver meu pequeno juntando letrinhas na propaganda da tv, e a felicidade em cada conquista. 

Como consegue não vibrar a cada frase completa que o caçula desenvolve a cada dia. Como não se surpreender com cada pequeno avanço em suas atividades rotineiras?

Como consegue se satisfazer com 24h a cada 15 dias!?

Como não tem necessidade de ouvir a voz e as tagarelices todo dia?

Como consegue não ter tempo a sós, sem terceiros, nessa doce relação de afeto paternal?

Como consegue não atender o telefone quando um deles liga?

Como vive sabendo que um está doente, sem ligar depois e depois e depois para saber se melhorou?

Como diz que vem buscar e não vem? Uma, duas, três vezes seguidas. 

Como pode viver sabendo que tem um coraçãozinho cheio de tristeza, saudade e chorando sentindo sua falta?

O maior é muito maduro e isso me preocupa.

Ele na maioria das vezes fica calado. Não se pronuncia. Mas observa tudo e sente muito.

Quase nunca pede o pai.

Muitas vezes quando vê o irmão pedindo repete a mesma frase “não tem nenhum pai aqui, não adianta chamar”. Já disse “ele não vai vir, não sente nossa falta” e “ele é ocupado de mais pra lembrar da gente”.

Já o menor ainda não se cansou de pedir todo dia. De chorar todo dia. Cedo ou tarde vai se cansar também. Infelizmente. Ou felizmente. Não sei. 

A diferença é que enquanto vivíamos juntos (não exatamente juntos, tecnicamente…), eu dizia para eles, desde que nasceram, “papai nos ama”, “papai está trabalhando”, “papai logo vai estar conosco”, e realmente acreditava nisso, as palavras tinham verdade. Eles e eu acreditávamos. 

Agora o “papai os ama”, “papai está trabalhando”, “papai logo estará com vocês”, saem desacreditados da minha boca, eles percebem que dilaceram meu coração assim como percebo que dilaceram seus ouvidos e sentimentos.

Antes verdades esperançosas.

Agora mentiras consoladoras. 

Sofro por não conseguir suprir.

Morro a cada lagrima deles.

E a cada indiferença sua.