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texto de 15-09-24

Esse é o meu passeio favorito. Indiscutivelmente. E sozinha. No contrafluxo então, sucesso!

O último filme que vi foi Robô selvagem. Fiquei maravilhada! É sobre uma robô que se vê perdida e precisa ativar seu modo sobrevivência em um ambiente novo e hostil. Encontra todas adversidades até conseguir seu espaço e encontrar seu propósito e lugar no mundo. Tem uma mensagem linda de maternidade, amizade, superação e acolhimento. Nos faz refletir também sobre a relação da tecnologia com o meio ambiente. E aqui eu deixo o gancho para essa música.

A luta começou de novo
O sangue está manchando nossas mãos
Desejos egoístas
Começam a matança novamente
Ilusão de riqueza
Agitando a raiva
A luta começou de novo
Sangue foi derramado
Nossa terra
Nossa salvação
Deslizam através
De nossas mãos atadas
Nós vendemos nossas almas
Não há lugar para se esconder
Porque fechamos os olhos
Não há uma segunda chance
Auto destruição
Falando a verdade
Nós continuamos vivos
Preserve o nosso caminho
É de onde todos viemos
Fortes em nosso levante
A fonte da nossa vida
Não há uma segunda chance
Falecimento total
Cegos pela fé
Assassinato a sangue frio
Agora! Reverta o que fizemos
Salve o nosso futuro
Nós nunca desistiremos
Preserve o nosso futuro
Nunca desista
Lute até o fim
Nunca desista

O planeta não vai acabar. Só fica cada dia menos salubre e a corda se arrebenta sempre para o lado mais fraco. Sigo buscando conforto nas artes já que esperança de futuro há tempos não temos. Mês que vem temos eleições municipais. Cada um fazendo sua parte já seria um alivio.

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texto de 08-09-24

Chaos A.D.
Tanks on the streets
Confronting police
Bleeding the plebs
Raging crowd
Burning cars
Bloodshed starts
Who’ll be alive?
Chaos A.D.
Army in siege
Total alarm
I’m sick of this
Inside the state
War is created
No man’s land
What is this shit?
Refuse
Resist
Refuse
Chaos A.D.
Disorder unleashed
Starting to burn
Starting to lynch
Silence means death
Stand on your feet
Inner fear
Your worst enemy
Refuse
Resist
Refuse
Resist

Ainda bem que o meu pré prova foi no show que dai essa pedrada ficou na minha mente me acalmando o tempo todo. Nada como a música de abertura ser eletrizante pra impactar ainda mais o momento. E que prova extensa e cansativa. Minha segunda tentativa da mesma. Meu quarto concurso. Emendei três esse ano e definitivamente preciso por o pé no freio. Loucura! Obrigada refuse/ resist pelo amparo. Roots bloody roots na veia e vamos detonar essa porra!

Fiz mais uma prova de concurso em 08/09/24. Para cargo de escrevente do tribunal de justiça. São tantas emoções!

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texto de 07-09-24

Ontem foi dia de show de uma das minhas bandas favoritas da vida. Tem mais tempo de banda que eu de vida. Turne de despedida super marcante e emocionante. Fui decidida a ficar la no fundão, tranquilinha, de boainha. Não me aguentei e fui lá no meião. Mosh, mosh, mosh. Pulei, cantei, gritei, chorei, me acabei. Foi insano! Comprei o ingresso lá em Dezembro logo que abriu e rapidinho esgotou. Longos meses de espera. E agora muito grata por não ter desistido. Cada vez mais confortável na minha própria companhia. Foi maravilhoso! 🖤🎶🤘🏻#Sepultura #Celebratinglifethroughdeath #saopaulo

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texto de 01-09-24

2016 foi uma ano muito difícil para mim em diversos aspectos da vida. Estava totalmente desconectada de mim, submersa na maternidade no seu grau mais profundo e em um casamento falido.

Foi quando meu pai morreu que consegui parar e olhar para o meu lugar no mundo. Em seguida formalizar o que se estava posto. Me vi com 30 anos, com a família de origem quebrada (não que algum dia ela não estivesse, sempre foi problemática!), e com a família idealizada, aquela que eu acreditava que seria minha redenção, minha chance de pertencer, de fazer do jeito que quisesse, de prosperar e ser feliz, igualmente rompida e desmoronando.

Em poucos dias, algumas semanas, tinha dois lutos, nenhum lugar para respirar, nenhum colo, dependência financeira e três filhos para criar sozinha. Voltei para o lugar onde sempre me feri. Era tudo o que eu tinha.

Foram uns 5 anos de depressão profunda. Algumas desistências não concretizadas. Nenhum tratamento. Temos o direito à vida assegurado na Constituição mas não temos o contrário. Vivi por obrigação. Cumpri todas as demandas que precisava. No automático, mas cumpri. Adolescência rebelde da primogênita. Imaturidade desmedida da anciã. E foi no meio da pandemia que a vida me chacoalhou. Eu partir, tudo bem, inclusive queria. Agora ter muita chance de alguém que amo… Insuportável!

Minha menina bateu asas e voou pra longe. Apesar da dor de dentro, senti um leve alivio nas costas. Percebi que não precisava mais pensar sempre em 5. Tirei também mais 1 extra do meu lombo. Comecei caminhar pensando nos meus filhos que ainda são menores e eles sim precisam e dependem de mim. Reorganizei a lista e me tirei na última posição. 2 filhos e depois eu. Me coloquei na minha ordem de prioridade. Enfim.

Foi ai que o segundinho precisou de ajuda psicológica e a vida rindo novamente na minha cara, me deu os sacodes que precisava.

Ha uns 3 anos venho exercitando, praticando um novo olhar sobre as coisas, sobre a vida, sobre o mundo. Tenho sido mais flexível e saído aos pouquinhos da casca protetora que me abriguei. São pequenos respiros, pequenos passos. A inquietação para sair da imobilidade causada pelos incessantes tsunamis da vida. Uma vontade absurda de largar o auto ódio. Uma obrigação de auto acolhimento.

Setembro faz 2 anos que fiz um ensaio fotográfico, intimista, em busca de me encontrar, procurar quem sou agora. Foi uma aventura! Eu estava em pânico. E consegui! Venci o desconforto e o saldo foi positivo. Foi difícil. Quis desistir. Tive ataques de pânico. Quando recebi as fotos tive uma crise e não consegui abrir por dias. Depois realinhei as expectativas e amei todas as fotos e todos os detalhes. Foi bem pessoal. Algumas bem intimas. Um olhar diferente que me ajudou perceber um tantão de mim que havia desencontrado. Mozão tem uma sensibilidade linda! Serei eternamente grata pela troca incrível que tivemos. Obrigada♥️

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texto de 26-08-24

Pipoca é uma das minhas coisas favoritas da vida. Poderia comer todos os dias e não enjoaria. Como todos os exageros são ruins, tanto quanto escassez, administro um certo controle e ultimamente tenho feito umas duas vezes por semana. Repito: tranquilamente comeria todos os dias. Prática, bom rendimento, preço acessível e valor afetivo.

Há algumas semanas, levei meu filho para fazer um exame. Ele precisava estar em jejum. Muito naturalmente, segui em jejum junto com ele. Saindo do centro médico, estava com muita pressa devido a demanda com o outro filho (me desdobro para a rotina de um não prejudicar a do outro, ou ao menos mitigar quanto possível), e acabei pegando um lanche rápido só para ele quebrar o jejum que estava o incomodando muito e a bolachinha com café do laboratório não haviam aliviado minimamente. Quando terminou de comer, comentei que estava com dor de cabeça e que deveria ser de não ter me alimentado. Ele se espantou. Contestou por não ter lhe avisado antes e por eu não precisar estar sem comer. Respondi que tudo bem, que eu aguentava esperar chegar em casa, cozinhar e só depois almoçar. Na minha cabeça fazia total sentido, empatia desmedida, abnegação e abstração das minhas próprias necessidades básicas. Ele parou na minha frente, olhando bem nos meus olhos, com as duas mãos segurando o meu rosto e falou: mãe, você precisa parar com isso. Você é um ser humano, sente fome, pode assumir que está com fome. Fala. Solta as palavras. Está em um lugar seguro, comigo, e não com a sua mãe. Fiquei extasiada. Nesse instante o ônibus chegou e caminhamos ao nosso destino.

Já havia conversado com ele sobre a criança negligenciada que fui. Sobre a posição de absoluto silêncio. Sobre o esforço sobre-humano de não incomodar. Sobre a alienação da realidade para sobreviver. Sobre humilhações. Sobre não poder me expressar, sentir, pensar. Até a respiração precisava ser medida. Criança nem era gente. Ao menos a que nem deveria ter nascido.

Minha mãe tem, e sempre teve, distúrbios alimentares. É difícil lidar com isso e é muito difícil estar próximo e não conseguir fazer nada a respeito.

Recentemente uma tia veio me entregar um caminhão de culpa e fiquei muito feliz em ter conseguido, enfim, recusá-lo. Tia, ela é uma mulher adulta, com acesso à informação, à serviço de saúde e discernimento. Eu sou responsável apenas por mim e por minhas crianças.

Minha mãe diz que gosta de cozinhar, mas se esforça muito para não o fazer. Não tem o mínimo de cuidado e posterga o preparo. Não tem zelo. Só faz para si. Não é de cozinhar para ninguém. Faz apenas o básico do básico. Sem refogar, sem tempero. Quando se vê impelida, faz quantidades estupidas que vão ao lixo em seguida. Só sabe uma única maneira, não tem capacidade de adaptações. Como não tem qualidade nas refeições base, come o tempo todo complementos. Tem péssimos horários e come em todos eles. Come porcaria sem controle e a despensa, não sabe o dia de amanhã. Sempre foi assim. Na infância, tínhamos muitas restrições.

Costumo dizer que não gosto de cozinhar. Na verdade, eu gosto. O que não gosto é o todo de antes. É o peso da responsabilidade, quando se importa, de escolhas e hábitos saudáveis. Se fosse só selecionar os ingredientes e preparar, seria maravilhoso. Tem toda a parte de logística. Pensar, planejar, fazer compras, organizá-las, fazer durar até o próximo ciclo, ponderar, diversificar, atender as peculiaridades de todos da casa. Isso tudo faz ser exaustivo e desestimulante.

Eu nunca fiz uma compra de mercado sem me preocupar com dinheiro. Nunca pude colocar no carrinho tudo que gostaria, sem pudor, sem limite, sem consciência.

Quando criança, era totalmente proibida de fazer qualquer pedido. Aquelas idas ao mercado eram um martírio horrível. Precisava me comportar como um robô, obediente, silencioso e sem vida. Com antolhos e cabresto subentendidos. A única vez que tive a ousadia de pedir alguma coisa, foi um churros na entrada. Nem apanhei. Só ouvi o “na volta a gente compra” e na saída não comprou. Passamos direto. Sofri em silêncio e o meu corpinho reagiu. Virando a esquina, vomitei. Tomei uma bronca e em um ato destemido, bradei sobre o churros. Foi a melhor refeição daquela pequena vida de uns cinco sofridos anos.

Só aprendi não passar mais vontade na minha primeira gestação. Se bem que nem era por mim, era para o bebê não passar vontade. Hoje sou paranoica com as refeições das minhas crianças. Todos os meus dissabores da infância procuro não repeti-los com eles. Não dar nenhuma margem para que eles jamais sintam o que senti. Não ter quem fizesse meu café, meu lanchinho, almoço e jantar. Ia para escola cedinho sem comer. Desde sempre, acordava sozinha e me arrumava sozinha. Não comia. Quando sim, o lanche da escola, mas nem sempre. Chegava da escola com muita fome e não tinha almoço. Ela sempre levantou muito tarde, logo, o almoço sempre foi no meio da tarde. Agora por exemplo, meus meninos estudam no período da tarde, então, antes do meio dia a comida já está pronta. Enquanto preparo o almoço, ela está acordando e tomando café. Eles chegam da escola e o jantar está pronto. É bem cansativa essa demanda de cozinha. Não faço sempre comida fresquinha, mas não abro mão de ter o principal sem falta. O lanche sempre acompanha para terem escolha entre ele e o da escola.

Outra coisa que não repito, é de sair sem comer antes. Podemos comer na rua, com tranquilidade, só que desejo que sempre já tenhamos o básico e o que vier, será extra, conforto.

Mãe, tinha costume de passar o dia na casa dos outros, das amigas, parentes. Passávamos muitas horas fora de casa. Não comíamos antes e éramos proibidos de pedir, de reclamar e de aceitar comida. Ela sim, comida de tudo, sem moderação, mas não queria ter filhos fominhas, malcriados, sem educação. Logo, aprendi reprimir e dissociar. Era uma criança muito magrinha. Ela entendia que eu não precisava comer muito. Nunca tinha oportunidade de escolha. A divisão era absurda. Ela sempre gulosa, pega a parte dela, soltava o restante para dividir entre os dois filhos, um menino maior, sem nenhum limite e uma raquitinha. Eu nunca tinha chance. As sobras e farelos… Quem tem irmão sabe com funciona uma divisão bem orientada e supervisionada. Ao Deus dará, se imagina como fica. Tinha um lance adulta, preciso mais, ele é menino, tem que comer direito, você, ah, você nem precisa, nem tem corpo para sustentar.

Lembro quando a gente ia em consulta médica, tinha uma lanchonete no hospital. Era um sonho! Salivava naquela vitrine. Ela sempre pegava um cafezinho e um salgado para ela, mandava meu irmão escolher o salgado e o refrigerante dele e eu, se sobrasse, poderia pedir algo mais barato ou, muitas vezes, dividiria o do meu irmão, o que sempre significava ficar com uns 10% do que ele não queria mais, depois dos dois satisfeitos e eu aguentando até o fim. Ainda tomava bronca por atrasar todo mundo que já tinha comido com a minha enrolação e demora.

A gente tinha um tio que era mais abastado e muito próximo do meu irmão. Nunca escondeu suas preferencia e sempre dava muitos passeios e presentes para ele. Em datas comemorativas costumava dar tickets para ele ir ao mercado comprar seus presentes. As vezes ele falava para lembrar da irmã. Íamos, mãe, irmão e eu no mercado para ele escolher os ovos de páscoa dele. Eu não podia tocar, olhar, nem falar nada. Ele escolhia com toda paciência, dentre os mais atrativos, o de sua escolha. Eu quando muito, ganhava algum ovinho sem marca, sem graça, sem brinde. Ou bombom. Ele comia tudo ao meu lado, uma criança feliz, sadia, normal. Vez ou outra me dava um pedaço. E ambos me obrigavam falar para o tio que tinham dividido tudo, muito obrigada. Isso rotineiro com vários tios e tias.

Meu pai sempre foi muito ausente e não participava da nossa criação. Isso me é complexo já que não tenho mágoas de suas atitudes, mas sim das de quem estava ali. Ele era um grosseirão. Não queria que vivêssemos na casa dos outros. Íamos escondido e tínhamos que mentir caso ele perguntasse. Quando estava em casa, era clima de guerra pois ele discordava de todas as atitudes da minha mãe, dos seus hábitos e horários e das faltas como mãe mesmo ele não sabendo de quase nada que acontecia ali. Eu sentia conforto em sua presença já que seria menos acuada e humilhada pelos demais e sabia o preço seria pago posteriormente quando ele não estivesse presente. Nas refeições ele, vindo de uma família de ótimas cozinheiras, detestava o que ela preparava e deixava muito claro isso, mas ele não sabia utilizar sutilezas e era rotineiro agressões verbais e alguns pratos de comida voando na parede nos dias de mais álcool no sangue. Datas comemorativas me trazem muitas dessas memorias.

Até hoje ela tem o hábito de preparar, sentar e comer. Por mesa, chamar os outros, refeição junto, jamais. Eu sempre o oposto. Primeiro todos os outros, as crianças principalmente. Não me lembro de alguma vez ela ter feito meu prato. Aprender se servir, cortar, utilizar os talheres, nada! Cozinhar, não mesmo! Uma vez, perguntei como saber a quantidade de sal para fritar dois ovos. Ela com toda grosseria, com o retardada de sempre na frase, foi pega de surpresa com meu pai observando. Ele a repreendeu e o ódio dela a mim cresceu. Em um momento raro, ele com gentileza me orientou pensar em cada um por vez, como se fizesse apenas um, coloca uma pitadinha, depois pensa no outro e outra pitadinha. Me vem o contraste agora, me fazia, criança, saber do que nunca fui ensinada, hoje ela não é capaz de fritar dois ovos ao mesmo tempo. Se faz três, faz de um em um. E tantas e tantas outras coisas que a vejo fazendo hoje, como se fosse uma criança inexperiente, me exigia expertise quando a criança era eu. Cada respingo que caia, era xingada e tinha que limpar imediatamente, não podia errar. Hoje ela faz cada coisa que, em todas elas, me lembro dos gritos e humilhações que vivi, e tenho compaixão não revidando como ela merece.

Não podia me mexer, falar, sentir. Não podia existir. E era extremamente rechaçada por ser estranha, esquisitona, calada demais. Retardada era o adjetivo que ela sempre usava. Ela e meu irmão que são infinitamente parecidos. Cumplices. Dele já senti muita raiva que amenizou com o passar dos anos e com a distância. Entendi o lugar dele, suas limitações intelectuais e sentimentais. Recentemente tivemos uma conversa em que eu quase senti acolhimento, mas daí no final eu reconheci a barreira existente e voltei para o meu lugar seguro. Sensação semelhante foi com a minha filha, hoje já adulta, quando em um desabafo, soltei que não aguentava mais ser a única que faz a casa andar, que queria ser como todos que podem descansar e as paredes continuam de pé. Ela respondeu que eu faço drama e que o mundo não gira em torno de mim, que pareço uma adolescente incompreendida. Isso que dá sempre guardar tudo para si e de repente soltar para os ouvidos errados. Não é dali que virá ombro amigo.

Escrevi essas linhas na semana passada depois de passar longos dias sem comer uma pipoquinha enquanto acompanhava meu menino em sua dieta pastosa pós cirúrgica. Trouxe à luz várias dores das minhas profundezas/ traumas alimentares. Essa escrita desabafo me é muito terapêutica. Muitas vezes a escondo por usar a primeira pessoa e ter personagens reais que podem se sentir incomodados. Outro dia li que as pessoas mais velhas acham desrespeitoso quando não as deixamos mais nos desrespeitarem. Enfim. Escrever me faz bem e preciso alimentar esse hábito.

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texto de 18-08-24

Eu tinha me programado para passar três meses submersa nesse projeto. A vida não para. Todas as adversidades que poderiam ocorrer, ocorreram. No dia previsto eu estava preparada. A natureza fez adiar por mais três meses.

Hoje foi dia de prova. Incomum para a pessoa periférica, o local de prova ser a menos de 1km de casa. Não precisei acordar muito mais cedo. Não precisei de 2h de condução. Uma caminhada de 15min e só. Ir em casa almoçar, cuidar do filho recém operado e voltar tranquilamente para a segunda parte. Que privilegio!

Eu, meus vinte anos longe da escola, estudando uma apostila sozinha e um sonho. Adorei estudar a matéria realidade brasileira. O tema da redação foi: “Em que medida a educação e o processo cientifico e tecnológico podem contribuir para reduzir as desigualdades socioeconômicas e ampliar o desenvolvimento da sociedade brasileira?” Minha parte favorita. No anterior, escrevi uma redação linda que pela nota de corte, sequer foi considerada. Faz parte. Dessa vez também dei tudo de mim.

Um mix de sentimentos. Já aceitando a derrota e implorando por resiliência. Este foi o terceiro e mês que vem tem outro. Se encontrar um concurseiro por ai, tenha compaixão. O bagulho é doido!

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texto de 08-08-24

No Parque do Carmo, todo ano, nessa época, acontece a Festa das Cerejeiras. A florada dura apenas alguns dias e o bosque fica lindíssimo. Costumo ir antes da festa para aproveitar melhor no contrafluxo. Dessa vez só consegui ir depois, quase perdi, vi apenas o finzinho das florzinhas, de tal modo, belas como de costume.

Lembrei da minha ida no ano anterior. Quando estava chegando, passou um rapaz por mim, reparei no skate que ele carregava pois vinha pesquisando skate para os meus filhos. Atravessamos a rua juntos, entramos no parque, seguimos pelo mesmo caminho um tempo, depois entrei no bosque e ele seguiu por outro caminho. Passeei bastante, fiz muitas fotos, depois segui para perto do lago onde gosto de sentar sob as árvores para ler. Um universo paralelo. Me desconecto do mundo e me conecto comigo. Foi quando ouvi alguém me chamando. Se aproximou. Era o mesmo rapaz. Se apresentou e perguntou se a gente poderia conversar e se conhecer pois estava me observando há um tempo, tão livre, tão interessante, tão encantadora, uma mulher incrivelmente cheia de si. Eu e minha inabilidade de socializar, fiquei imóvel alguns instantes, achei estranho, achei que não era comigo, achei que não era real. Olhei em volta achando que era uma brincadeira. Moço, você está realmente olhando pra mim? Me enxergando? É sério? Cadê seus óculos? Então agradeci suas palavras, me desculpei por não atender suas expectativas e disse que preferia continuar meu compromisso do dia com minha solitude. Bom passeio, aproveite o parque, seja feliz. Nos despedimos e só. Segui com meu plano. E depois duas coisas me afligiram: ser esquartejada e enterrada pelo parque (cresci com o maníaco do parque no cidade alerta!) ou Deus olhar para mim e dizer: desisto dessa ai. Entreguei de bandeja e ela não entendeu o recado.

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texto de 05-08-24

Ainda bem que o Humberto não cantou a minha favorita senão teria colapsado!

Mais uma saidinha sozinha para realizar sonhos! Que show! Shows! Humberto canta muito e letras profundas de rasgar a alma. Ira, sonzera braba! Mix de pesado com amorzim. Lembro da primeira vez que tive contato com a letra de Somos quem podemos ser, em uma aula de literatura e ela fundiu minha cabeça. Escrevi inúmeras vezes a interpretação e quando fui entregar ao professor falei que era eterna. Toda vez que ouço vem mais coisa para escrever. Fiquei encantada, fascinada.

Foi maravilhoso! Eu sempre me acovardo, me apequeno, desisto, insisto e quando chega a hora, curto intensamente como se não houvesse amanhã. (Mais ou menos, vai. Eu fico em contato com as crianças o tempo todo, não bebo e fico super alerta. E sempre acho que vou de arrasta no uber) Por fim, sempre vale a pena e me agradeço. Penso que o arrependimento de não ter ido me consumiria infinitamente.

02/08/24 – Show do Humberto Gessinger e Show do Ira! – Que noite, meus amigos. Que noite!

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texto de 21-07-24

Dia desses, no metrô, sentada do meu lado, havia uma moça conversando ao telefone, o percurso inteiro. Chegando no terminal enquanto guardava meu livro, olhei sem querer para a tela do celular dela: Pai. Tirei meu fone e ouvi um pouquinho da conversa. Minhas lágrimas escorreram e me desestabilizei por dias. Um instante me fez lembrar que eu nunca falei ao telefone com meu pai.

Recentemente, em uma viagem com a família, minha vó rememorou o triunfo do meu pai ao se tornar pai. Pela primeira vez eu ouvi sobre ter sido desejada, amada. Contrastando com o que ouço rotineiramente, em alto e bom som, da minha mãe sobre eu ser um erro, indesejada, um fardo, não era para ter nascido.

Um dos meus grandes conflitos na vida é de admitir minha afinidade com o meu pai. Não que em algum momento tivéssemos sido próximos. É aquela migalhinha de afeto, um pequeno olhar de acolhimento, aquele sentimento de ser vista, ser enxergada minimamente na minha absoluta invisibilidade.

O farto banquete de rejeição, inadequação e repulsa que sempre recebi no seio familiar era amenizado na presença do patriarca. Até nesses momentos eu sofria pois era certo que na sua próxima ausência, as consequências viriam. E elas vinham. Mas era ótimo a grandona mãe e o gigante irmão se apequenarem e não me devorarem momentaneamente. Tenho tanta compaixão por ela. Imagino como deve ser difícil ter uma filha a qual não ama. Incapaz de partir, autoflagelo é o que me cabe. Não sei externalizar minha raiva pelo abandono emocional, pelo desamparo. É como se me obrigasse a só partir quando conseguisse resolver a complexidade dos sentimento ambíguos. Por que sou capaz de me solidarizar por um pai falho, aceitando a doença, entendendo as batalhas, as dores, as tentativas e não fico em paz com as ausências dela!? Não consigo.

Queria que ele soubesse que eu sou para os meus filhos, a mãe que ele gostaria que os filhos dele tivessem. Não fui a filha que ele precisou. Ele foi o pai que conseguiu. E foi tudo uma merda. Foi o que deu para ser.

Todos os dias me lembro. Não sei como seriam as coisas se tivessem tomado rumos diferentes. Gosto de flertar com uma vida menos solitária. Sinto saudades do que nunca vivi (como diz o poeta contemporâneo). O imagino presente em vários momentos. O levo em show. O levo no parque. O levo para um lanche na padaria. Nas músicas que ouço. Na arte que minhas mãos produzem. Nas leituras. Dia 19 de Abril, dia 21 de Julho e segundo domingo de Agosto agora doem especial. Aqueles que amamos nunca morrem. Te amo, pai!

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texto de 03-06-24

Era uma tarde de sexta, comum, como outras tantas. Trabalho em dia, filhos cuidados, finalizando a organização da casa. De forma extemporânea, um sentimento surgiu. Sem familiaridade com ele, não soube nomear. Será que era paz!? Um momento todinho. Um momento grande. Um momentão.

Em seguida, tudo voltou ao “normal”. Angústia, dor, sofrimento. Choro e ranger de dentes. Enxergar a literalidade da vida, do mundo. Os boletos, as goteiras, a solidão. Quem soma, quem some e quem monta no seu lombo e caga na sua cabeça.

Faltava uma semana para aniversariar e eu tinha a ilusão de ter aprendido não me afetar. De que conseguiria passar ilesa. Os dois últimos tinha conseguido ficar bem, comemorar. Tomar café na padaria relembrando bons momentos com o cara que (apesar dos pesares pesados) me fazia sentir especial, desejada, amada. Eu estava tão empolgada para bater na porta dos quarenta.

Trinta e nove chegou. A rasteira sorrateira tardou mas não falhou. A bad veio ultra potente. Os questionamentos, ponderamentos, busca por sentido. O auto ódio…

Os filhos mais uma vez me sustentando. Dando razão ao ato de respirar (que tantas e tantas vezes tenho desaprendido). Estar com os três e com o netinho, salvou minha vida, mais uma vez.

Espero que no próximo, eu consiga tudo que planejei (e falhei). Espero ter forças a cada dia. Espero conseguir continuar tentando.

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texto de 25-05-24

18/05/24 Pato fu 🎶🖤🤘🏻

Eu fui feliz e soube.
Vivi uma noite memorável.
Me levei para curtir por mim, para mim. Eu com as minhas demandas. E só. Não romantizo pois sei de todos os percalços. Sinto cada um deles com intensidade. E aprendi olhar para mim também. Fazer por mim também. E sei o quão gratificante é, no final. O sabor de “eu fui” é inversamente proporcional ao de “deveria ter ido”. E vale a pena para um caralho a sensação catártica de viver o momento plenamente do que se gosta, do que se ama, do que te alimenta a alma. Desejo, sinceramente, que cada pessoa possa encontrar e experienciar, periodicamente, o que alegra seu coração e faz silenciar, ao menos momentaneamente, as dores desse mundo.
A abertura foi da banda Penélope. Uma nostalgia vibes Mtv, deliciosa. O local foi na Audio, muito agradável. E eu consegui ficar super bem posicionada e curtir intensamente. Pato fu é gigante. Fernanda, plural. O que não toca na radio, é muito, muito maneiro! Que showzão incrível!!! 🖤

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texto de 04-04-24

Amanheci cansada. Me arrastei o dia todo. Podia ser por ter dormido mal na noite anterior ou sintomas pré menstruais (a indisposição rotineira que a pessoa com útero aprende a conviver, na marra). Isso foi na segunda.

Virei a noite com febre. Na cabeça: “não é nada, não é nada, nem está alta, já vai passar, amanhã tem um monte de coisa pra fazer, fica quieta e engole o choro”. Esse finalzinho é tão entranhado nas minhas fibras que me rasgo e me remendo freneticamente, automaticamente, desde que me lembro por gente.

Terça levantei e vivi a agenda da manhã. Pediatra com o filhos, preparar-los para escola, almoço, casa, filha, neto, mãe. Cancelar tudo que era humanamente impossível continuar de pé. Me permiti deitar. Que ousadia! Dores muito fortes pelo corpo todo. Dores de cabeça, dores nos olhos. Mas o que pega forte é não conseguir ficar em pé. Fim da tarde, mesmo não conseguindo, guardei as dores no bolso e fui cumprir as necessidades. Janta na mesa, crianças cuidadas e torcer para dar a hora de “todos pra cama”.

Mais uma noite de febre e agora quase aceitando que tinha algo errado. Os outros sintomas se achegaram: intestino desarrumado e falta de apetite. Quarta, o dia todo péssima mas cumprindo todas as tarefas. A um custo altíssimo! Outra noite difícil.

Quinta, só depois do almoço, tive forças (mentira, não tive, fui sem mesmo!) para procurar atendimento médico. Um chá de cadeira básico. Teste. E dengue. Na mente só agradecendo por ser eu e não as crianças. Ainda bem que não é com eles! A recomendação mais importante: descanso! Pra não piorar. E como é difícil se permitir descansar. Ninguém cuida de quem cuida. Nem a gente! Ainda saindo de lá precisei passar na farmácia e no mercado. Haviam coisas importantes faltando em casa. Se não eu, ninguém.

Me permiti não ir na feira e na faxina. O restante cumpri. Com culpas e faltas. Descansei.

Depois mais exame, mais consulta, mais sintomas. A coceira enlouquecedora. Sem conseguir ler, ver um filme, estudar, trabalhar… E fazendo o máximo para os filhos não serem lesados. Foram duas semanas de exaustão.

Hoje estou bem, recuperada e muito feliz em com as vacinas de dengue nos braços dos meus filhos. Essa noite reservei um tempinho na agenda pra colocar todo o choro em dia. Quanto alívio! Viva o SUS!

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texto de 26-02-24

Fiquei fascinada pela proposta desse livro. Nem pensei duas vezes antes de colocar no carrinho e finalizar a compra. Quando chegou, acovardei-me. Pensei em deixar para um aniversário, um dia das mães, uma data comemorativa qualquer. Logo eu, que tenho problemas sérios com datas comemorativas… Presentes são para o presente. O hoje é tudo que temos! Tive medo da vó não gostar, de se zangar, de ficar chateada. Cogitei ser egoista da minha parte, ja que se da pensando em um dia ter de volta. A finitude é tabu. Fiz um bilhetinho dizendo que era para ser divertido e não coercitivo. Em um dia corriqueiro, uma tarde qualquer, no meio da rotina, passei la rapidinho e entreguei. Foi leve e afetuoso. Queria preencher tudo com ela. Queria que ela preenchesse cada página com uma pessoa. Queria que ela preenchesse ao menos o nome para ser guardado com amor e carinho. Mas sabe a melhor parte!? Nem precisa! Os sentimentos que vivi com esse livro e o momento de ter entregue a ela, já valeram a pena! Não preciso de mais nada!!!

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texto de 22-02-24

Sobre as fotos de pessoas que fiz de atividade no curso de fotografia.

Fotografar pessoas é fazer coceguinhas na alma da gente. No dia dessa atividade minha ansiedade estava totalmente no controle do meu descontrole. Quando a professora perguntou quem queria usar o flash, eu corri e disse que estava em pânico mas queria sim, queria muito. E depois a outra lente. E a outra técnica. E tudo que poderia experimentar ao meu alcance. Íamos revezando, nos fotografando. Na minha vez de ser fotografada, inacreditavelmente, não desmaiei, apesar dos sintomas. Ficar em evidencia, com dez câmeras apontas e com disparos contínuos, foi aterrorizante. Consegui. Fugi rapidinho. Fazia parte, então fiz a minha parte. Conseguir conduzir o equipamento. Aplicar o aprendizado. Testar as técnicas. Extrair o máximo de tudo! Ja teria valido a pena. Só que a maior riqueza de tudo isso foram os momentos vividos, as trocas, as risadas e a aventura. Teve um momento em que fiquei empolgada com a execução de uma butterfly. Outro com a luz lateral de celofane. Por fim, na hora de selecionar as fotos favoritas, queria apenas as que transmitiam sentimento, as com brilhos nos olhares. As que as pessoas estavam contentes em posar. A que a pessoa sempre sorridente, estava séria. A que o cara durão fez uma pose engraçadinha com a mão na cabeça e pediu para não publicar. Só um pedacinho de um dia gigante que só quem viveu, sabe. Só quem sentiu. Observações: Ressaltando, mais uma vez, que foi em um contexto de estúdio bem equipado e com orientação constante de qualidade.

Fazer fotos em movimento era uma coisa que o tanto que eu admirava era inversamente proporcional ao tanto que eu imaginava que um dia conseguiria fazer. E consegui! Foi muito divertido!!!

Pra mim é extremamente desconfortável ser fotografada. Em um primeiro momento, nem quis olhar as fotos. Depois com mais calma e acolhimento, me permiti visitá-las. É interessante demais perceber as nuances dos olhares das outras pessoas sobre nós. Que exercício gostoso! Agradeço a todos e principalmente à querida professora, por tanto! ♥️

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texto de 16-02-24

Acompanhei por alguns anos, uma famosinha da internet, que eu achava ter uma vida interessante. Gostava do jeito dela, do jeito que levava a vida, do jeito que se esforçava para mostrar simplicidade em meio a abundância. Ela sempre reforçava que tudo que conquistava era fruto do próprio esforço. Me incomodava um pouquinho ela querer diminuir, a todo custo, a influencia dos pais ricos. Relevava. Certo dia, em um de seus discursos do “eu mereci, me esforcei, vc não consegue porque não quer”, foi onde percebi que estava dando audiência a quem não valia meus minutos preciosos de atenção. Ela estava contando de quando começou trabalhar e revertia 100% do seu pagamento para comprar mais coisa e vender e comprar mais e vender mais, fazendo o dinheiro multiplicar muito facilmente. Tive um estalo. Deixei de seguir e nunca mais tinha pensado nessa pessoa.

Comecei trabalhar com 14 anos. Recebia só uns trocadinhos. Até ali, meus pais compravam o mínimo de material escolar possível. Um caderno do mais simples, um lápis, um apontador, uma borracha e uma caneta. Estojo e mochila, o novo era para meu irmão, o resto dele… Já sabia que teria que durar o ano todo e se perdesse, ficaria sem. Tinha muita vergonha e quando mediam emprestado, me apavorava. Zelava e fazia milagre para aguentar o ano letivo. O que eu fiz com meu primeiro dinheirinho? Comprei uma caneta. Depois algo colorido. Depois algo com estampa. No outro ano um fichário com folhas abundantes. Tudo do meu gosto. Pude escolher. Comecei comprar um doce aqui, um salgado ali. Conheci a cantina. Ah, quando consegui vestir minha primeira blusinha sem ser de doação… Foi incomensurável!

Com 16 anos veio o primeiro emprego com carteira assinada. A primeira coisa que comprei foi um discman. O auge! E também no primeiro salário, paguei contas básicas de água, luz, mercado. Eu não ficava com quase nada do meu pagamento. O quão pesado é isso, só quem viveu, sabe. E a parte financeira era a que menos me doía naquela família. Maldito altruísmo que nunca me deixou ser protagonista na minha própria vida.

Como poderia nivelar minha história de sobrevivência com a vivencia da blogueira quando nossos passos caminham por percursos tão singulares!? Eu sei os caminhos que trilhei. Eu sei onde meus calos apertam. A gente não vem do mesmo lugar. E mesmo quando vem, como no caso, eu com meu irmão, não temos os mesmos instrumentos, os mesmos amparos, as mesmas oportunidades.

“Fazer o seu melhor na condição que você tem, enquanto você não tem condições melhores para fazer melhor ainda.” Essa frase do Cortella é um mantra, um guia.

Fiz uma atividade do curso de fotografia de produto. Eram dez fotos no estúdio. Luz totalmente controlada, ambientes favoráveis, equipamento de ponta. Depois um computador top de linha, um programa de edição dos melhores. Orientação. Coleguismo. O céu na terra.

Minha história com o artesanato é de amor. Tornar ele rentável é dor. Gosto tanto de fazer. Ele não é autossuficiente. Viver custa dinheiro. Preciso fazer dele um negócio. Tenho muito claras as minhas limitações. O tanto que eu já bati cabeça anteriormente, sozinha, sem apoio, sem norte, sem rumo, com material precário e sem conhecimento. Se a modéstia permitir, reconheço que sempre fiz milagre. Ah, mas não precisa de ter as coisas, só vai lá e faz. Sim. Da pra fazer sim. Mas ter… Faz toda diferença!

As fotos que fazia dos meus produtos, ja aplicava muitas técnicas das que aprendi agora, instintivamente. O fundo, luz, cenário, composição. Só que o improvisado. O que tinha. O que cabia. Agora queria os instrumentos facilitadores. Não tenho. Não consigo tê-los no momento. Vou precisar continuar rebolando. Observando minhas prioridades.

Trabalho com vídeo ha anos e ainda padeço. Como é que quero transformar minha arte em em um negócio rentável quando conheço as pedras no caminho. As conheci tropeçando.

Participei de um treinamento sobre vendas e planejamento financeiro. Ah, como as pessoas adoram acreditar em formulas mágicas. Em um exemplo hipotético, um empreendedor conseguia prosperar em meio a dezenas, centenas. Cada um tem uma perspectiva e para mim só mostrou como o exemplo do outro não serve nada para mim. São tanta variáveis. Não compreendo a idolatria por coaching. Claro que insights são bem vindos. Aplicar no seu contexto, na sua realidade.

Como é que se espera que eu faça limonadas com meus limões sendo que nem de limonada eu gosto!? Talvez eu queira usá-los apenas no preparo de alimentos mesmo, e funcione bem.

Ter minimamente consciência, já é ter muita coisa!