Espiritualidade é um assunto complexo. Hoje eu não sei definir minha religião. Quando criança ia em igreja católica, fui batizada bebê e fiz catequese pré adolescente por obrigação. Ia na missa esporadicamente porque sim, não por vontade. Quando jovem me encontrei evangélica. Frequentava com gosto. Me fazia muito bem! Intimamente ainda sigo os preceitos de outrora porém como não sou ativa naquelas rotinas, prefiro não dizer que sou. Me defino como cristã. Apenas. Tenho um conceito sobre Deus e sou super aberta para amplitude das definições de cada um em relação a isso. Se você diz que é um criador eu concordo. Se diz que não existe, concordo. Se diz que é uma energia, concordo. Te incentivo a criar uma relação efetiva com “ele”. Da forma que te fizer bem, está valendo!
Tem uma coisa que sempre acontece comigo, que não sei explicar, não sei definir. Sei que sinto, respeito, obedeço! Não sei quando começou, desde sempre. E sempre!
Em momentos aleatórios. Pode ser no supermercado, no almoço, no cinema, em uma roda de conversa… Vem uma pessoa na minha mente. Como um estalar de dedos. Antes eu tentava ignorar. Em vão. Fica voltando, voltando. Enquanto eu não paro, não me desligo da realidade, isso fica insistindo. Já me acostumei, então no primeiro momento já faço minha pausa. Quando dá para ir em um cantinho, eu vou. Quando não, coloco meu corpinho no modo automático, e saio um minutinho dali. Mentalizo a pessoa, busco me conectar, mesmo não sabendo qual sua necessidade principal naquele instante, com todas as minhas forças busco ajuda, peço clareza em seu olhar, serenidade em seu coração e forças em seus músculos para seguir em frente, enfrentando qualquer obstáculo. Volto, agradeço. Procuro não questionar, senão eu piro. Sigo minha vida.
Há quase dois anos, meu avô ficou doente. Os primos se comunicavam através de um grupo de mensagens. Quando ele deu uma piorada, fizemos um acordo, de orar juntos por ele, diariamente, cada um de sua casa, mas no mesmo horário. Até coloquei o alarme do celular para me lembrar. E assim fazia. Uns meses depois ele melhorou, o grupo de oração parou. Eu costumo colocar vários alarmes no celular. Para acordar, uns minutos antes de dar hora do filho sair da escola, hora de arrumar o outro filho para a escola, remédios, consultas. Certa época, eram férias escolares. Fomos viajar e desliguei todos os alarmes. Tenho certeza que desliguei porque foi um momento importante de descanso para minha saúde mental! Uns dias depois, tocou o alarme “hora de orar pelo vô”. Achei estranho. Não tinha programado. Ninguém tinha encostado no meu celular para eu por a culpa. Não questionei. Me recolhi e fiz a minha oração. No dia seguinte pela manhã veio a noticia do falecimento.
Semana passada eu tive insônia um dia. Quando eu estava quase pegando no sono, veio na cabeça uma amiga. Amiga de longa data mas que faz tempo que não vejo. Peguei o celular para mandar uma mensagem, abri na conversa, notei que era muito tarde e desisti de enviar. Guardei o celular. Fiz minha oração por ela. Assim que terminei o celular tocou. Duas da manhã. Era meu irmão para falar que a irmã da Priscila se foi.
Eu nunca conversei com a vizinha da frente. Mora ha alguns anos ali. Sei quem é. Só. Há mais ou menos um mês, todos os dias, a Cris vem na minha mente. Há umas semanas perguntei para minha mãe se sabia algo dela. Nada. Há uns dias acordei as 5h e ouvi sua voz. Eu não conheço sua voz. Todos esses momentos orei por ela. Agora soube que ela se separou do marido e se mudou. Queria que ela soubesse que estive junto, em pensamento nesses dias difíceis.
Muitas vezes quando tenho esses insights, não acontece nada. Penso que é só uma proteção extra. Você que está lendo agora, possivelmente já estive contigo em algum momento. Eu não quero explicações. Eu aprendi a seguir meu coração. Já me questionei que poderia fazer algo pra mudar alguma situação. O efeito borboleta certamente viria. Eu não tenho poder de mudar nada. O que me é acessível fazer, faço. Se é para o bem, se não faz mau para ninguém, siga sua intuição você também!