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texto de 28-06-23

Dia de parquinho com minha riqueza. Esse parque é onde eu ia quando era criança com meu irmão e nosso pai. O pai, Raul Seixas fanático. Sempre vinha com minha menina quando pequena. E também com os meninos, mesmo quando morávamos longe. Ao menos nas férias escolares, duas vezes no ano. A pandemia bagunçou um pouco. Vim com um, depois com outro. Hoje com ambos. Eles aproveitaram bastante. Davi já estranhou alguns brinquedos que antes pareciam muito grandes, agora pequenos. Gi cresceu, eles estão crescendo. Logo traremos Miguel também. Tradição! Tem muito significado, muita memória, muita história.

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texto de 22-06-23

10 dias de Miguel♥️

Miguel chegou dia 12/06/23. Cheio de vida, saúde e luz. É um amor que transborda!

Eu queria escrever um texto bonito, um poema, um bilhetinho. Ainda não consigo organizar os pensamentos, os sentimentos. Quero falar sobre ele mas tudo me vem sobre mim, sobre meus sabores e dissabores. Tudo com olhar “contaminado”. Impossível (por enquanto!), falar do dia 12/06/23 sem associar ao dia 07/10/03. Aqui sou espectadora, sou auxilio, sou suporte. Lá eu era protagonista. Lá era pesado, assustador, devastador. Aqui é mais leve, mais sereno, mais afável. O caminhar de avó é doce. O chão foi pavimentado com muito suor, luta e resistência.

Feliz vida, querido Miguel! ♥️

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texto de 19-06-23

17/06/23
Encontro
Titãs

Me diverti horrores! Foi catártico!
Cada dia mais confortável em minha própria companhia. Nunca pensei…
Terceira vez no Allianz. Já consigo saber onde me adapto melhor. Já aceito que mereço sim ocupar todos os lugares que quiser. Já entendo que a ansiedade enlouquecedora que antecede, depois é minimizada pela alegria e satisfação de ter ido. Pesquisar o setlist, ter noção do tempo e espaço ajudam me manter centrada. Nisso, estar sozinha e cumprir apenas minhas próprias demandas, faz toda diferença. O impulso de ter entrado na pré venda, de ter comprado ingresso com 7 meses de antecedência, de não ter pensando com a razão, não fez sentido mas foi perfeito! Tive receio de só tocar o famosinho do rádio e a surpresa deliciosa de abrir logo com Diversão. Miséria, Bichos escrotos, Cabeça dinossauro, Porrada, 32 dentes, Desordem, Estado violência, Go back, nossa! Aa uu eu quase tive uma síncope! Branco falando da sua doença. Agradecidos por termos esgotado os ingressos em poucas horas. Eles todos emocionados e se divertindo no palco.
Sabia que seria bom.
Superou muito além!
Foi surreal!!!💫🤘🏻🖤🎶

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texto de 02-06-23

Dia 20 de Maio realizei mais um grande sonho que era ir em um show dos Paralamas do Sucesso. Foi uma experiência fantástica! Zero defeitos! Que som! Que batera! Que repertório! Tudo impecável!

Na mesma noite, teve Paulo Ricardo. Eu não sou fã. Nem iria ficar. Mas já que estava ali, resolvi aproveitar. E foi uma baita surpresa o tanto que curti. A voz dele é realmente surpreendente! Tem uma presença de palco excelente. Se apresenta em blocos e no primeiro eram as músicas do RPM que na hora percebi que eu gostava muito! Sensacional! No meio foram músicas dele solo e uma pegada mais romântica que não é do meu gosto e depois rock nacional diverso. Valeu muito a pena!

Mais uma aventura que desbravei sozinha e sai totalmente realizada!

No intervalo de um ano fui em três shows no mesmo espaço. Um lugar bacana, simples e com preço acessível. Espero poder voltar muitas outras vezes!

Foi ótimo! 🎶🤘🏻🖤

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texto de 28-05-23

Dia de agradecer a Alinne lá de Fevereiro que investiu na inscrição e na apostila. Fez um plano de estudo. E se dedicou. Sozinha.

Houveram muitos surtos, admito. Muitos momentos de eminente desistência. Muitos choros. Muitos mesmo! Muitas vezes eu questionei se realmente existia um cérebro na minha cabeça. Muitas vezes eu fiz pausas para chorar em posição fetal por não conseguir compreender o que lia. Teve dia que fazia essas pausas a cada dez minutos. Teve matéria que achei que seria menos difícil e acabou sendo muito difícil. E teve matéria que eu achei que seria difícil e acabou que foi extremamente difícil. Nos simulados me desesperava pois a mediocridade é um algoz terrível.

Duas décadas depois da escola, uma década fora do mercado de trabalho formal. Um preconceito antigo com o termo “concurseiro”. E cá estou. Hoje foi a prova objetiva. Nos próximos dias sai o gabarito. Depois tem a segunda fase. Não sei dos próximos passos. São mais de 100 mil inscritos para 400 vagas. Quando pisei na sala, imaginei aquelas placas nas casas lotéricas com “saiu aqui o prêmio da mega sena”. A prova foi difícil!

As primeiras questões foram sobre um poema de Leminski:

aqui
nesta pedra
alguém sentou
olhando o mar
o mar
não parou
pra ser olhado
foi mar
pra tudo quanto é lado

E com poesia eu funciono.
Foi meu gás. Foi intenso.
Foi uma aventura incrível!

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texto de 10-04-23

Paguei a quinta parcela da câmera. Cheguei na metade. Em cinco meses fiz apenas cinco cliques. Tudo errado! Não as fotos. Os medos!

Já tem mais de uma década que faço vídeos para o Youtube. Uma DSLR sempre foi um sonho. A pouco se tornou um objetivo. Quando aconteceu, já não sei mais se tenho forças para remar sozinha. Fiz uma pausa para recalcular rota. Video em pausa. Fotografia aflorada. Medo de colocar em um lugar além do divertido, do prazeroso, do lazer. Paralisia de nem ao menos tentar. E nem tentar é fracassar dobrado!

Esse clique foi tão despretensioso, sem posar, sem pensar, no susto, que de tão errado, ficou bonito. Vou guardar com carinho. Logo eu, do detalhe, do simples, do cru, do natural, da poesia… Preciso de mais leveza e compaixão com meus processos.

Registrar para amar depois. Amar agora! Agora! Já!

Nina, minha queridinha. Vamos voar! Se prepara!

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Tour guiado no histórico de São Paulo

Em Março de 2023 participei de um tour guiado pelo centro histórico de São Paulo. Deixo a recomendação a todos ♥️

Agora minha parte melodramática. Eu fui uma criança negligenciada. Nenhum incentivo à educação, cultura, lazer. Bem o contrário. Era incentivada a não sonhar. Mulher, pobre, periférica. O recorte de raça me foi poupado. Cresci e a maternagem me atropelou a ponto de me desconectar de quem sou. Ha pouco me reencontrei e tenho feito coisas por mim. Pequenos passos pesados com atraso de duas décadas pelo menos. Nunca é fácil. Eu tenho fobia social. E sempre sozinha também é muito difícil. 100% das vezes, quero desistir. Quero desistir até o último minuto. É sempre um processo muito exaustivo. E sempre muito reflexivo. Sempre emotivo. Catastrófico. Só que defini uma meta e sou muito teimosa. Minha teimosia da vez é subtrair a subserviência nativa e subir na borda pra respirar.

Esse passeio para conhecer a história do lugar onde vivo, onde nasci, é especial demais. Conhecer a história é muito enriquecedor. Consciência de classe é apropriar-se do que é nosso, do que é de todos. Meu cep sempre me disse que nesses lugares abastados cabiam apenas a minha força de trabalho. O sistema ainda determina a dança das cadeiras. O pensamento continua livre. E é assim que tem que ser. Que tem que permanecer. Tal qual uma turista em terras longínquas, estou me permitindo apreciar as belezas orgânicas, inorgânicas, naturais, artificiais, grátis e dali um pouco, o que mais surgir. Olhando para o céu, a imensidão, a liberdade. As prisões da mente, auto algozes: anistia já!

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15/03/23

Quando Giovanna me contou, primeiro achei que estivesse de brincadeira. Depois quando percebi que era real, mandei essa mensagem:

“Eu não encontro palavras. Dizer que vai ficar tudo bem tem uma penca de gente que vai falar. Espero sinceramente, profundamente que fique. O mais breve possível. Duas décadas e eu ainda não consegui, mas você é imensamente melhor e mais forte. Vai tirar de letra. Te amo infinitamente! Tomara que você sinta! E que o seu incondicionalmente seja tão belo e perfeito quanto o meu é. Você é tudo pra mim! Obrigada e me perdoe, quando puder. 🖤”

Não que a vida não seja um looping constante de recalcular rota. Sempre é. Mas essa surpresa me pegou de jeito. Continuei com as obrigações, com a rotina, porque a vida adulta não permite que nos recolhamos a  qualquer momento, quando convém. Isso é luxo de alguns, jamais de uma mãe solo que carrega também a casa e a mãe nas costas. Segui no modo automático, apenas de corpo presente. Desconectei todas as redes sociais. Arquivei as conversas no aplicativo, deixando somente dos filhos e das escolas para emergências em horário comercial. Ficar totalmente off não é para quem quer, é para quem pode. Se ausentar necessariamente transfere mais peso nos ombros de outro alguém. Eu sou a pessoa que acumula pesos, não a que produz conscientemente para terceiros. Esperei para desabar apenas no final de semana seguinte depois dos meus filhos terem ido para casa do pai. Umas 36h seguidas de choro em posição fetal. Sem luz, comida, banho, sono… Levantei, recebi minhas crias de volta, o modo piloto automático seguiu por mais duas semanas. 

O que doeu não foi nadinha sobre a Giovanna. Foi sobre mim. Sobre as minhas vivências, minhas dores. Reabri e revivi tudo que havia guardado numa gavetinha muito bem escondida embaixo de muitas camadas, muitos muros de auto proteção.

Aos 17 anos fiquei grávida. Minha vida parou ali. Não era mais nada sobre mim. Guardei meu eu no bolso e vivi por nós. Não faria nada diferente. Tudo foi por instinto, foram meus ponderamentos. Foi sobre respirar, olhar friamente (mesmo com tudo fervilhando o tempo todo), analisar o que estava acontecendo e fazer o que tinha que ser feito. Prestar vestibular, morar sozinha, mudar de emprego. Fim da fila, fim da fila, fim da fila. Viajar, descansar, passear. Cortar da lista! Não tinha base familiar e me dava muito mal com todos eles. Engolir tudo e seguir em frente. O genitor não compareceu. Fazer sua parte, a parte dele. Esperar a conta chegar. Ah, mas não é comigo que acerta. Eu estou em dia. Ufa!

Tenho muita implicância com o termo “o tempo cura tudo”. Acho que ele não cura nada. A gente é que decide seguir e dia após dia, reorganiza as coisas, as prioridades, vai sobrevivendo, tira do foco aquilo que mais lhe dói no momento e aprende viver apesar de. Aquela dor não cura, ela é amenizada. O machucado cria casquinha, cria cicatriz e fica quietinho por bons períodos. Até que vem lâmina afiada, rasga a pele, abre a carne e sangra novamente. 

O que me derrubou mesmo foram as lembranças. As memórias doloridas. O eu no bolso. Os pedidos silenciosos de socorro. As dores para pedir ajuda, asilo, auxílio e as ligações não atendidas. E as ligações atendidas, as palavras doces e atitudes não condizentes. Hora de silêncio estrondoso de costas viradas. Hora falas, falas e mais falas vazias. Ainda não consigo saber o que feria mais. 

É um pouco conflituoso o que a modéstia faz com a gente. Um monte de gente passa por isso, é comum, é normal. Ao mesmo tempo, UAU! Eu era uma menina, sozinha, gerando uma vida, gerenciando nossas vidas, parindo, amamentando, lidando com hormônios, ganhando um corpo novo, transformado, tomando decisões importantes o tempo todo, batalhando, sobrevivendo. Sozinha. Sozinha. Sozinha. Sem tapinhas nas costas, sem carinho no rosto, sem massagem nos pés. Com dedos apontados, opiniões inconvenientes e um esmagador peso de obrigações inadiáveis. 

Sempre tive medo dela ter o mesmo destino que eu, engravidar na adolescência, sem ter conquistado suas coisinhas, estudos, trabalhos, sonhos. Ela fez 17, passou. 18, passou. Com 19, aconteceu. Não é que não possa conquistar tudo que deseja, com filho. É que sei, senti, vivi, que tudo fica totalmente mais difícil quando você tem que pensar “no bem geral da nação” antes de pensar no seu próprio eu, nos seus desejos, suas vontades. Tive minha primeira filha totalmente sozinha. Depois tive meus dois filhos com um pai tecnicamente presente. Sei como é sentir solidão estando só. Sei como é sentir solidão estando acompanhada. A maternidade sempre me foi avassaladora. Mesmo sendo muito otimista, sei das dificuldades que minha bebê vai enfrentar. Eu enfrentaria todos os percalços em seu lugar só que agora, mais uma vez, não é sobre mim. Preciso aceitar o meu lugar. E torcer para meu cantinho na janelinha ser mais confortável do que o da direção que agora não me pertence mais. 

Uma passagem bíblica favorita está em Marcos 12 41-44. Nela, muitas vezes encontrei conforto. É um colo/ abrigo invísivel onde me refugiei tantas vezes que precisei fisicamente e só encontrei um massacrante vazio ao redor. 

A oferta da viúva 
Jesus sentou-se perto da caixa de ofertas do templo e ficou observando o povo colocar o dinheiro. Muitos ricos contribuem em grande quantidade. Então veio uma viúva pobre e colocou duas moedas pequenas. Jesus chamou seus discípulos e disse: “Eu lhes digo a verdade: essa viúva depositou mais que todos os outros. Eles deram uma parte do que lhes sobrava, mas ela, em sua pobreza, deu tudo que tinha”.

Estou em paz com a novidade de ser avó. 
Quero ser o suporte que não tive.
Me deslumbro com Giovanna, mãe.
E anseio o encontro com Miguel. 
Vem, Miguel! ♥️

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Show Racionais MC´s e Dexter 12-22

Tenho um delay gigante no meu processamento de dados. Ainda não consegui absorver a completitude daquele momento. Aquela Alinne que ia pra escola no ensino fundamental com a camiseta preta com a cruz enorme na frente e frases potentes nas costas, nunca acreditou que era possível viver essa experiência. Nem um cd original com o encarte era possível. Escrevia todas as letras de todas as músicas no caderno. Pegava trecho por trecho pra ficar analisando. Enxergava meus semelhantes e os menos favorecidos que a sociedade faz de tudo pra apagar. Sentia a realidade que vivia (vive!) representada ali muito mais que nas fantasias que a tv mostrava. Eu lembro de no começo desse ano, desejar com todas as forças, poder ir num show desses caras com a certeza que nunca iria. E então aconteceu. Naturalmente não foi tão simples. Ir sozinha. As crises de ansiedade. O ataque de pânico na fila. Me acolher invisível. E também conseguir o lugarzinho bem na frente. Ficar a um metro do palco. Sentir os caras se divertindo entre amigos e PERTENCER. Na saída, sentada na calçada vendo o nascer do sol e passando Brown dirigindo seu carro, vidro claro e baixo, conversando com geral. Dexter também, atendendo o pessoal, fazendo foto, do carro com a família. Eu ainda vou viver naquele dia pelo resto da minha vida. Que dia, meus amigos, que dia!