Cenoura de origami. Fiz com papel sulfite lumicolor e sulfite colorido comum. Utilizei 3 quadrados de 5X5cm e 1 quadrado de 15X15cm.
Inspirem-se! (ˆ◡ˆ)♥
Eu tenho o hábito horroroso de menosprezar tudo que é meu e engrandecer tudo que é do outro. Pra mim é natural vibrar com as vitórias dos outros, com as conquistas dos outros, com as evoluções dos outros. Tenho muita facilidade em me compadecer com erros, defeitos, fraquezas dos outros e o extremo oposto com os meus. Minha síndrome impostora é cruel. Quando eu acho que me desvencilhei, percebo que estou presa, estática, submersa em seus terríveis tentáculos mais uma vez.
No último fim de semana vivi uma experiencia fantástica. Única. Transcendente. E o que eu fiz? Diminui! Fiz alguns stories mas não queria fazer uma postagem. Achei sem graça, sem importância. Tanto faz. Ninguém se importa. Nesse momento eu quero sim registrar. Quero sim engrandecer aquele fato que foi tãooo mágico e importante para mim. Que aconteceu do jeitinho que precisava. Foi perfeito. Sem defeito!
A Pitty é minha artista favorita da vida! Desde a primeira vez que ouvi, a primeira vez que vi. Seu som é o meu preferido, sua imagem a minha idealização. Suas composições, motivacionais. Sua voz, maná. O conjunto da obra, impecável! Seu primeiro álbum saiu no ano em que eu completei 18 e estava gravida. O ano mais difícil da minha vida. Minha menina ouvia desde a barriga. Cantava desde pequenininha. Meus meninos ouvem, cantam e gostam também. É o tipo de pessoa que eu nem queria conhecer pois prefiro manter no pedestal. Não gostaria de borrar nem que minimamente sua imagem com a humanidade que ela tem. Ver suas imperfeições, dores, dissabores. Prefiro manter como um ser supremo. A Pitty sempre me salvou e continua me salvando todo dia mesmo sem saber da minha existência.
Tinha vontade de ir em um show dela mas nunca achei que fosse algo para mim. Muito fora da minha realidade. Na verdade só havia ido em um show na vida, e foi recente, há 3 anos. Sandy e Junior, um ato de ousadia, experiencia deliciosa com a minha prima/ irmã. Não me achava merecedora. Até que… Surgiu a oportunidade. Pitty perto da minha casa. Num lugar bem gostoso que eu sempre quis ir. Ingresso super acessível. Mais Nando Reis. Eu nunca me perdoaria se perdesse. Queria companhia, obviamente. Não consegui. O medo nem era a solidão, isso já aprendi lidar e quase sempre, administro bem. O pânico era da hora de vir embora sozinha. Realmente foi a parte mais difícil! Vencida com sucesso.
O dia do show foi de extrema ansiedade. Noite anterior em claro. Levantei cedo para rotina com os filhos. Tentei cochilar a tarde para ir descansada. Em vão! Coração acelerado a ponto de pifar o dia todo. Sem acreditar que o sonho iria se realizar. Eu iria ocupar o mesmo espaço que minha ídola. Iria ver e ouvir pessoalmente. Eu sou uma pessoa introvertida e utilizo algumas técnicas de invisibilidade. Não queria chegar muito cedo. Nunca quero estar em evidencia. Nunca quero aparecer. Lugares com muitas pessoas são bons para passarmos despercebidos. (Só quem já teve costume de chorar no metrô de SP entende como quanto mais gente ao redor, menos as pessoas se enxergam) Li na plaquinha que a capacidade do local era de quase 3 mil pessoas, pouco comparando com o outro show que fui e tinha quase 50 mil. Ainda assim era muita gente! O lugar bonito, amplo, com bares, chalés, lago, árvores. O palco e a área da pista cobertos com um telhadinho rústico super charmoso. O nome antigo era Kazebre. Faz jus! Ainda estamos vivendo uma pandemia, permaneci com a máscara o tempo todo. Só observei mais 2 ou 3 pessoas com ela também. Tive vontade de tomar uma bebida mas decidi manter a atenção plena e diminuir a vulnerabilidade especialmente por estar desacompanhada. Não troquei uma palavra com pessoa alguma. Circulei com facilidade até me posicionar na pista para aguardar o inicio das apresentações.
Já tinha bastante gente quando a primeira banda abriu a noite. Engrennagem. Que deliciosa surpresa! O som muito bom! Os caras com uma energia e entrega contagiantes. Tocaram musicas deles e de outros. A galera curtiu muito! Depois de uma pausa e mais gente na pista, veio o Nando Reis. Pontualidade impecável, até adiantou uns minutos. Ponto positivo. Melhor que isso só o fora bolsonaro que ele lançou no meio da apresentação. Um artista experiente, muito desenvolto e entregue. Todas as canções cantadas do inicio ao fim em conjunto com a plateia. Eu nem sabia que gostava tanto dele. Foi maravilhoso! O cansaço já batia no intervalo que antecedia o ponto alto da noite. Quando deu a hora, a galera em polvorosa já aclamava: “Pitty, cade você, eu vim aqui só pra te ver.” Depois de mais 15 minutos, o som começa. Foi ai que minha alma parecia ter saído do corpo. Os pés saem do chão. A multidão toda é empurrada para frente. Medo de acontecer um acidente. Tudo aquilo é insano. Os sentimentos explodindo. Soltei o freio e me permiti ser levada pelo fluxo. Todos estávamos na mesma vibe. Íamos para frente, trás, esquerda, direita. Girávamos. O som ocupava todo o ambiente. A energia era surreal. A música rolando e eu nem tinha conseguido ver o palco. Só sentindo. Sentindo ao extremo. Pulando, gritando, cantando, suando, chorando. Em êxtase! Acabou a primeira música, ela falou conosco e já emendou mais uma e mais outra e mais outra. O som muito mais pesado e gostoso do que o rotineiramente editado midiático. Eu nem sabia se queria fechar os olhos e sentir ou se queria os olhos bem abertos para registrar. Vivi tudo intensamente! Tirando as vivencias maternas, essa foi sem dúvidas, a melhor coisa que já aconteceu na minha vida! O momento mais intenso e delicioso que vivi! Eu estava plenamente realizada e entregue! Quase no final, o corpo exausto, me abriguei entre três casais heteros que curtem o show agarradinhos e grudados no chão feito muralha. Pude recuperar um pouco o fôlego. A despedida foi sofrida. Não queria que acabasse! Felizmente teve um bis e consegui ultrapassar as barreiras e fiquei pertinho do palco. Meus olhos incrédulos puderam ver de pertinho minha deusa. Poder viver um momento incrível e ter ciência do quão incrível ele é, no momento presente, é um presente fantástico!
Tudo aconteceu exatamente como deveria ser. Agora entendo que realmente eu precisava ter ido sozinha. Não me preocupei com nada nem ninguém e me permiti viver aquilo intensamente. E mais, pude abraçar minha solitude, reconhecer meu poder e minha força, me conectar aos meus próprios desejos e me sentir poderosíssima! Nem que por poucas horas…. Foi absurdamente potente e importante para mim! 🖤
Era um dia comum. Mas o que é um dia comum? Nunca é apenas um dia comum. Só vamos perceber se foi um dia simples ou extraordinário depois dele ter acabado.
Era um dia normal. Tudo acontecia na frequência adequada, calma. No meio da tarde uma reunião de pais na escola do filho. Escola nova do filho. Ele no sexto ano do ensino fundamental 2. Agora separados por ciclos, ele precisou sair da que ele já estava habituado. Escola em que eu estudei. Da primeira série ao terceiro ano do ensino médio. Todas as minhas lembranças escolares são dali. Ele com certa dificuldade de adaptação pelo combo escola nova/ amizades novas/ ciclo escolar novo/ pós dois anos de pandemia sem contato com pessoas fora da bolha/ introversão/ pré adolescência. Ufa! Se tivesse dado tudo certo, com certeza estaria tudo errado por baixo do pano. Aliás, isso é importantíssimo! Reconhecer que tem algo errado, algo que precisa de conserto, de ajustes, de reparo, de dedicação para poder fluir. Nisso de reconhecer as limitações, as particularidades de cada um, nossa geração, com fé, se encaminha para dar o acolhimento que tanto desejamos e não tivemos no passado. Cada colo que ofereço para minhas crianças, me rasgam por não ter tido colo também. Cada ferida que os ajudo a cuidar, me ferem por não ter tido ninguém enxergando as minhas. Cada dor deles, me dói em dobro por não curado as minhas e por não ter podido evitar as deles.
Era um dia percorrendo um caminho habitual. Abrindo o leque das infinitas possibilidades, singularidades, pluralidades, comecei observar também as belezas corriqueiras, cotidianas. Eu queria ter como fotografar as belezas que enxerguei no caminho. A parede cheia de trepadeiras, os homens trabalhando em uma obra para consertar um encanamento jorrando água no meio do concreto, as linhas bem desenhadas da lombada, a câmera de segurança redondinha de uma casa, o alinhamento do ponto de ônibus e uma fila de carros que seguia, o cone de trânsito, o telhado do conjunto de casinhas, as nuvens bem escuras encobrindo as nuvens claras, o horizonte de construções aleatórias e sincronizadas, o semblante terno do rapaz empinando pipa sozinho no meio da rua (o que será que estava passando na cabeça dele?). Por que será que fiquei sem jeito de oferecer ajuda para a moça que abria o portão com uma bebezinha no colo? Por que não vemos tantos detalhes no cotidiano? A vida é incomensurável!
Estava voltando dos Correios quando passei por uma calçada, com uma rampinha de elevação. Ali por baixo passa um córrego. Tem uma muretinha de proteção de cerca de 1m de altura. Era por esse caminho que eu passava para ir e voltar do prézinho quando eu tinha uns 5 ou 6 anos. Isso há 30 anos. Fazia tempo que eu não passava por ali. No momento em que meus pés subiram a mini rampa, voltei naquele tempo passado. Fechei os olhos, pude sentir. Sem hesitar, me aproximei do muro. Toquei com as mãos e o coração todinho. A vista nem é bonita. Nem o sentimento. Uns segundos de nostalgia boa. O resto da tarde com tristeza nos olhos. Eu quis muito me aproximar e sentir aquilo. Foi por impulso mas foi genuíno e verdadeiro. O que veio depois foi a lembrança amarga de como eram todas as vezes, todos os dias que passávamos por ali. Minha mãe sempre brigava. Eu e meu irmão tínhamos curiosidade, como toda criança (ou toda pessoa!?) normal. Era uma calçada diferente. Tinha cheiro diferente, textura diferente, altura diferente, largura diferente. Ela só gritava para prestar atenção, ir rápido, não olhar. Eu não conseguia entender. Precisava saber o que tinha ali, por que era assim, por que não podia olhar. Eu não podia sequer questionar. Ela tinha o hábito de dar tapa na minha boca. Com uma força absurda que só de lembrar, sinto o gosto de sangue misturado com minha saliva. O gosto que senti hoje, é aquele de quando a gente vomita e não tem mais nada para sair, só o azedume da bile. E os gritos na mente de “Sai dai”, “Se encostar ai vou te arrebentar”, “Se você se sujar vou esfregar a roupa na sua cara”. Não era por zelo, por cuidado. Não era mesmo! Aquela muretinha que outrora era gigante, hoje, hoje mesmo que permanecendo igual, parecia um rodapé. Mentalmente peguei eu criança no colo e me mostrei a vista. Me expliquei o que era um córrego. Me orientei para tomar cuidado. Me abracei e me pedi para silenciar os gritos (que até hoje ouço em vários momentos, em muitos momentos!) que não eram sobre mim. Eu não era a culpada. Eu não sou a culpada!
Cestinha feita com feltro em formato de coração. Recheei com bombom para ficar como sugestão de presente para o dia dos namorados. Ela pode ser usada depois como cestinha ou como bauzinho com tampa.
Link para o kit na lojinha: https://www.elo7.com.br/kit-love-em-feltro-cartao-cestinha-bandeirinhas/dp/18904C3
Inspirem-se! (ˆ◡ˆ)♥