texto de 18-11-23

Estava cá com meu botões refletindo sobre um bocado de coisas e uma delas é a culpa. A cabeça entende, o coração esquece. Tenho que relembrar toda vez. Ah ta, eu sei o que é exaustivo ficar sempre falando do quanto a maternagem solo é avassaladora. Eu também gostaria da leveza de poder falar de outros temas corriqueiros. O ponto que gostaria de registrar é da bandeira que levantei há uns meses, de não abrir mão das minhas horinhas de folga. Hoje um filho não queria ir pro pai e eu fui franca pedindo pra ele ir sim pois precisava descansar. O outro queria voltar amanhã e novamente com sinceridade pedi pra ele tentar ficar depois de amanhã também e aproveitar o feriado. Mesmo dando conta de tudo com antecedência, milimetricamente pensando em não ter cuidados com a casa e trabalho nesses dias, pra minha mãe é um absurdo eu decretar que não cozinho nos domingos. São umas coisinhas tão simplistas. É o meu maná. Normalmente são umas trinta horas a cada quinze dias. Da umas vinte e quatro vezes no ano, se tudo correr bem. Nos outros trezentos e tantos dias, estou a postos, alerta, dedicada, com a mão na massa. Independentemente do quanto quebrada estiver. E eu fico até perdida sem saber o que fazer com tanta liberdade de ser apenas uma pessoa comum. Foram muitos anos sem me conectar comigo. A pouquinho que decidi fazer algo por mim. Ainda não aprendi dosar. Quero viver tudo! Tem vez que passo o dia todo no cinema, outras me enraízo embaixo da sombra de uma árvore no parque. Meia dúzia de vezes fui em shows. A grande maioria eu só quero fazer nada no escurinho do meu quarto. Não ter hora pra nada, comer quando sentir fome, dormir quando sentir sono. São coisas grandiosas quando se dedica a vida ao cuidado das vidas dos outros. Vinte anos de maternagem. Um passarinho já voou. Os outros logo se vão. Eu preciso urgente aprender gostar mim!

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