texto de 04-04-24

Amanheci cansada. Me arrastei o dia todo. Podia ser por ter dormido mal na noite anterior ou sintomas pré menstruais (a indisposição rotineira que a pessoa com útero aprende a conviver, na marra). Isso foi na segunda.

Virei a noite com febre. Na cabeça: “não é nada, não é nada, nem está alta, já vai passar, amanhã tem um monte de coisa pra fazer, fica quieta e engole o choro”. Esse finalzinho é tão entranhado nas minhas fibras que me rasgo e me remendo freneticamente, automaticamente, desde que me lembro por gente.

Terça levantei e vivi a agenda da manhã. Pediatra com o filhos, preparar-los para escola, almoço, casa, filha, neto, mãe. Cancelar tudo que era humanamente impossível continuar de pé. Me permiti deitar. Que ousadia! Dores muito fortes pelo corpo todo. Dores de cabeça, dores nos olhos. Mas o que pega forte é não conseguir ficar em pé. Fim da tarde, mesmo não conseguindo, guardei as dores no bolso e fui cumprir as necessidades. Janta na mesa, crianças cuidadas e torcer para dar a hora de “todos pra cama”.

Mais uma noite de febre e agora quase aceitando que tinha algo errado. Os outros sintomas se achegaram: intestino desarrumado e falta de apetite. Quarta, o dia todo péssima mas cumprindo todas as tarefas. A um custo altíssimo! Outra noite difícil.

Quinta, só depois do almoço, tive forças (mentira, não tive, fui sem mesmo!) para procurar atendimento médico. Um chá de cadeira básico. Teste. E dengue. Na mente só agradecendo por ser eu e não as crianças. Ainda bem que não é com eles! A recomendação mais importante: descanso! Pra não piorar. E como é difícil se permitir descansar. Ninguém cuida de quem cuida. Nem a gente! Ainda saindo de lá precisei passar na farmácia e no mercado. Haviam coisas importantes faltando em casa. Se não eu, ninguém.

Me permiti não ir na feira e na faxina. O restante cumpri. Com culpas e faltas. Descansei.

Depois mais exame, mais consulta, mais sintomas. A coceira enlouquecedora. Sem conseguir ler, ver um filme, estudar, trabalhar… E fazendo o máximo para os filhos não serem lesados. Foram duas semanas de exaustão.

Hoje estou bem, recuperada e muito feliz em com as vacinas de dengue nos braços dos meus filhos. Essa noite reservei um tempinho na agenda pra colocar todo o choro em dia. Quanto alívio! Viva o SUS!

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