Vendendo o próprio peixe

Ela…

Hoje teve um dia difícil.
Participou de um processo seletivo para uma vaga de emprego.
Ela detesta venda… Ter que vender seu próprio peixe é uma tarefa bem dura. O último emprego que ela procuraria seria com vendas, não consegue persuadir as pessoas a comprar algo que não estão tão afim. Quando vai às compras, quase sempre se irrita com as pessoas oferecendo as coisas e mostrando somente o lado bom e que as convém. Nem mesmo o produto que mais gosta não saberia vender porque o que acha que o que pode ser bom a ela pode não ser bom ao próximo e tem receio de vender gato e ser surpreendida por uma lebre.
Ter que se auto avaliar é muito reflexivo e ainda expor seus pontos fortes e fracos a uma pessoa que nunca viu na vida torna a tarefa ainda mais complexa.
Ainda mais ter que falar parte da história, ocultar um detalhe ou outro, não falar claramente que a remuneração é de fato extramamente importante e que se não precisar fazer extra é melhor ainda, que tem patrão que é um saco bem grande e que tem colega de trabalho que é quase impossível de aguentar e ter que falar que trabalhar sobre pressão é normal.
Entrevista com um aqui, testes ali, novamente entrevista lá e mais testes cá.
Nisso se passam horas… E o medo de abrir a boca e soltar uma pérola… Medo de estragar tudo… Ver seus defeitos sendo apontados e ainda ter que concordar… Expor suas expectativas para o futuro, ter que estipular um prazo para relizar seus objetivos… Falar que quer crescer com a empresa sendo que muitas vezes mal a conhece.
A pior parte é esperar a bendita ligação que a aprove (ou a que não, que quase nunca chega, predomina na maior parte das vezes a lacuna não respondida).
No fim de tudo, um dia cansativo, reflexivo e esperançoso. Bola pra frente que a vida não pára!

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