16/04/17


60 horas

Eu sai sozinha. Ouvi música no último volume. Saboreei um livro. Fechei os olhos no transporte. Relaxei. Suspirei. Ouvi meus próprios pensamentos. 

Fiz um dos meus programas favoritos. Cinema. Sozinha. Dois filmes na sequência. Vi um filme legendado. Pude prestar atenção em todas as falas, todas as cenas. 

Cheguei tarde em casa. 

Não precisei por ninguém na cama. Não atendi necessidades fisiológicas além das minhas.

Eu não fiz o faxinão da semana na casa.

Eu tomei um banho gostoso sem me preocupar com a água do planeta. De porta fechada. Sem me atentar com o barulho das crianças (ou com o silencio delas, que é ainda mais preocupante). 

Não liguei pra falta de depilação das pernas.

Não me importei com o pijama e o cabelo despenteado.

Não esperei presente.

Comprei um ovo de páscoa pra mim. Exclusivamente pra mim. Abri e degustei tranquilamente. Sem pensar em mais ninguém. Sem ter que lembrar pra qual filho dei o primeiro pedaço na refeição anterior pra poder dar o primeiro pro próximo para que nenhum se sinta prejudicado.

Dormi a hora que deu sono.

Dormi por 12 horas seguidas. Sem nenhum filho me solicitando. Depois de 13 anos de maternagem. Primeira vez. Um sonho muito almejado e enfim realizado.

Não me importei em cumprir pelo menos 4 refeições diárias. Comi quando senti vontade.

Perdi um almoço de família importante. Acordei muito tarde. Tudo bem. 

Não utilizei relógios.

Não vi redes sociais de quem me causa sequer um leve desconforto.

Me senti leve.

Em paz.

Renovada.

Só por hoje.

Que doce hoje.

Do meio pro fim voltou a culpa. Muita culpa. Parceira fiel culpa. 

Agora voltar a calçar os sapatos 36 que a vida me dá. 

Voltar para a rotina. 

Começa tudo de novo. 

E que bom. 

Graças a Deus por tudo isso! 

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