Tenho um delay gigante no meu processamento de dados. Ainda não consegui absorver a completitude daquele momento. Aquela Alinne que ia pra escola no ensino fundamental com a camiseta preta com a cruz enorme na frente e frases potentes nas costas, nunca acreditou que era possível viver essa experiência. Nem um cd original com o encarte era possível. Escrevia todas as letras de todas as músicas no caderno. Pegava trecho por trecho pra ficar analisando. Enxergava meus semelhantes e os menos favorecidos que a sociedade faz de tudo pra apagar. Sentia a realidade que vivia (vive!) representada ali muito mais que nas fantasias que a tv mostrava. Eu lembro de no começo desse ano, desejar com todas as forças, poder ir num show desses caras com a certeza que nunca iria. E então aconteceu. Naturalmente não foi tão simples. Ir sozinha. As crises de ansiedade. O ataque de pânico na fila. Me acolher invisível. E também conseguir o lugarzinho bem na frente. Ficar a um metro do palco. Sentir os caras se divertindo entre amigos e PERTENCER. Na saída, sentada na calçada vendo o nascer do sol e passando Brown dirigindo seu carro, vidro claro e baixo, conversando com geral. Dexter também, atendendo o pessoal, fazendo foto, do carro com a família. Eu ainda vou viver naquele dia pelo resto da minha vida. Que dia, meus amigos, que dia!