Um dia, quando minha filha tinha 14 anos, estávamos passando perto da escola onde estudei, fui contar um caso, toda nostálgica, “aconteceu isso e isso comigo e com a minha amiga”, ela deu um corte com “Impossível! Você é insuportável e não tem amigas. Duvido que tenha tido alguma amiga um dia.”
Uma das minhas maiores, acho que a maior frustração da minha vida é não ter ensino superior. Saindo do colégio, mergulhei na maternidade. Precisei adiar muita coisa. Fiz um plano, com muita folga, de ingressar na universidade junto com a minha filha, já que não nos meus 18, sim nos 18 dela. Pois além de não conseguir meu sonho, esse também não foi o sonho dela. A muito custo e obrigação, o diploma do ensino médio a ela bastou.
Meu segundo filho quando era bebê, ficava frequentemente doente com problemas respiratórios. Eu precisava me ausentar muitas vezes do trabalho. Caxias, me sentia extremamente chatiada. Certa vez, ja com 4 atestados médicos no mesmo mês, pedi para o pai buscar na escolinha em mais um chamado devido a mais uma crise de saúde. A recusa com o argumento de que a hora de trabalho dele valia inúmeras vezes mais que a minha, foi um dos fundamentos que me fizeram largar o emprego formal e me dedicar ao cuidado dos filhos integralmente.
O estatuto da criança e do adolescente (e o bom senso) determina que é crime de abando de incapaz, deixar menores de 16 anos, sozinhos.
Minha mãe disse que quando se aposentasse, jamais iria cuidar dos filhos dos outros.
Eu tentei começar essa legenda de muitas maneiras sem sucesso. Fato é que quando acabou o curso, não consegui me despedir das pessoas. Corri para o banheiro para chorar. Foi transformador. Foi intenso. Foi incrível! Tenho tanto para dizer sobre essas duas últimas semanas. Por hora quero apenas registrar alguns pequenos instantes memoráveis.