Era uma tarde de sexta, comum, como outras tantas. Trabalho em dia, filhos cuidados, finalizando a organização da casa. De forma extemporânea, um sentimento surgiu. Sem familiaridade com ele, não soube nomear. Será que era paz!? Um momento todinho. Um momento grande. Um momentão.
Em seguida, tudo voltou ao “normal”. Angústia, dor, sofrimento. Choro e ranger de dentes. Enxergar a literalidade da vida, do mundo. Os boletos, as goteiras, a solidão. Quem soma, quem some e quem monta no seu lombo e caga na sua cabeça.
Faltava uma semana para aniversariar e eu tinha a ilusão de ter aprendido não me afetar. De que conseguiria passar ilesa. Os dois últimos tinha conseguido ficar bem, comemorar. Tomar café na padaria relembrando bons momentos com o cara que (apesar dos pesares pesados) me fazia sentir especial, desejada, amada. Eu estava tão empolgada para bater na porta dos quarenta.
Trinta e nove chegou. A rasteira sorrateira tardou mas não falhou. A bad veio ultra potente. Os questionamentos, ponderamentos, busca por sentido. O auto ódio…
Os filhos mais uma vez me sustentando. Dando razão ao ato de respirar (que tantas e tantas vezes tenho desaprendido). Estar com os três e com o netinho, salvou minha vida, mais uma vez.
Espero que no próximo, eu consiga tudo que planejei (e falhei). Espero ter forças a cada dia. Espero conseguir continuar tentando.