2016 foi uma ano muito difícil para mim em diversos aspectos da vida. Estava totalmente desconectada de mim, submersa na maternidade no seu grau mais profundo e em um casamento falido.
Foi quando meu pai morreu que consegui parar e olhar para o meu lugar no mundo. Em seguida formalizar o que se estava posto. Me vi com 30 anos, com a família de origem quebrada (não que algum dia ela não estivesse, sempre foi problemática!), e com a família idealizada, aquela que eu acreditava que seria minha redenção, minha chance de pertencer, de fazer do jeito que quisesse, de prosperar e ser feliz, igualmente rompida e desmoronando.
Em poucos dias, algumas semanas, tinha dois lutos, nenhum lugar para respirar, nenhum colo, dependência financeira e três filhos para criar sozinha. Voltei para o lugar onde sempre me feri. Era tudo o que eu tinha.
Foram uns 5 anos de depressão profunda. Algumas desistências não concretizadas. Nenhum tratamento. Temos o direito à vida assegurado na Constituição mas não temos o contrário. Vivi por obrigação. Cumpri todas as demandas que precisava. No automático, mas cumpri. Adolescência rebelde da primogênita. Imaturidade desmedida da anciã. E foi no meio da pandemia que a vida me chacoalhou. Eu partir, tudo bem, inclusive queria. Agora ter muita chance de alguém que amo… Insuportável!
Minha menina bateu asas e voou pra longe. Apesar da dor de dentro, senti um leve alivio nas costas. Percebi que não precisava mais pensar sempre em 5. Tirei também mais 1 extra do meu lombo. Comecei caminhar pensando nos meus filhos que ainda são menores e eles sim precisam e dependem de mim. Reorganizei a lista e me tirei na última posição. 2 filhos e depois eu. Me coloquei na minha ordem de prioridade. Enfim.
Foi ai que o segundinho precisou de ajuda psicológica e a vida rindo novamente na minha cara, me deu os sacodes que precisava.
Ha uns 3 anos venho exercitando, praticando um novo olhar sobre as coisas, sobre a vida, sobre o mundo. Tenho sido mais flexível e saído aos pouquinhos da casca protetora que me abriguei. São pequenos respiros, pequenos passos. A inquietação para sair da imobilidade causada pelos incessantes tsunamis da vida. Uma vontade absurda de largar o auto ódio. Uma obrigação de auto acolhimento.
Setembro faz 2 anos que fiz um ensaio fotográfico, intimista, em busca de me encontrar, procurar quem sou agora. Foi uma aventura! Eu estava em pânico. E consegui! Venci o desconforto e o saldo foi positivo. Foi difícil. Quis desistir. Tive ataques de pânico. Quando recebi as fotos tive uma crise e não consegui abrir por dias. Depois realinhei as expectativas e amei todas as fotos e todos os detalhes. Foi bem pessoal. Algumas bem intimas. Um olhar diferente que me ajudou perceber um tantão de mim que havia desencontrado. Mozão tem uma sensibilidade linda! Serei eternamente grata pela troca incrível que tivemos. Obrigada♥️